10 de novembro de 2012

A Bola é redonda e os estádios quase!

Em redor do Bairro da Quinta da Calçada



Era o tempo dos 3 F's (FADO, FUTEBOL E FÁTIMA) e eu nascido no Bairro da Quinta da Calçada, desde pequeno que tinha o futebol por desporto favorito e tinha a sorte de existir uma meia dúzia de estádios em redor, o que fez com que tenha visto futebol a rodos desde a minha infância (vi jogar o grande Eusébio, dezenas de vezes) até adulto, quando deixei de vez de ir a estádios e não me arrependo. A única vez que tive vontade (mas não fui), foi quando o Maradona veio jogar contra o Sporting. Lembro-me de em miúdo ter visto muitos jogos no antigo campo do Sport Lisboa e Benfica, cujas bancadas eram todas em madeira (à inglesa) e que à muitos anos atrás tinha pertencido ao Sporting. Eram terrenos alugados tanto por um clube, como pelo outro. 


Era nesta zona de árvores que existia uma clareira, um pouco mais 
para esquerda, onde nós putos jogámos grandes jogatanas. 1976. 
Foto francisco grave.

Dizia-se nesses tempos (décadas de 10 a 40), que os clubes e os jogadores andavam com a baliza às costas, porque andavam sempre a mudar de um lado para outro. Esse campo de bancadas em madeira ficava onde hoje é a estação do metro. Recordo-me de assistir nos anos 60, à estreia do irmão do Eusébio pelas reservas do Benfica (não jogava grande coisa). Havia ainda um outro campo de futebol por perto, construído nos anos 50; o do CIF (Clube Internacional de Futebol), que durou até 1970/71. Havia também o campo do Palmense e o do estádio universitário, que servia também para o râguebi. Anos mais tarde, o CDUL construiu dois campos de futebol, junto à segunda circular que o pessoal da Quinta da Calçada aproveitava para fazer uns "treinos". Estes eram os campos de segunda "classe", os de primeira eram o do Sporting, Estádio de Alvalade e acima de todos, o Estádio da Luz, casa do Glorioso. Era, o tempo em que bastava ir a um estádio e pedir; "Ó Senhor, deixe-me entrar consigo" e era fácil entrar pela mão de um adulto. Vi muitos jogos dessa maneira e ainda havia o "campo da bola" da Quinta da Calçada, onde em miúdos, jogávamos logo que saiamos da escola, enquanto os nossos pais não vinham do trabalho e passávamos tardes inteiras a jogar à bola ao fim de semana. Só poupávamos este "estádio", durante o inverno.

Em primeiro plano os campos de futebol do Benfica (na altura). Ao fundo o estádio 
de Alvalade ainda em construção nos inícios dos anos 50. Foto do jornal da praceta.

Estádios do Campo Grande 


«O Campo Grande foi desde finais do século XIX, o principal local da cidade de Lisboa onde se realizavam importantes competições desportivas de automóveis, atletismo, ciclismo, motociclismo, hipismo, tiro, futebol e até provas de aviação.
Entre 1906-1917, o clube dos "leões" fixou-se no sítio das Mouras (Alameda). O local era propriedade do Visconde de Alvalade. De 1917 a 1937, o Sporting alojou-se no Campo Grande com contrato de arrendamento. Em 1937, o Sporting passa então para o Stadium de Lisboa, onde permaneceu até 1947.


Corrida de automóveis no Campo Grande, organizada 
pela Fiat nos inícios do século XX. Joshua Benoliel. 

A história do Sporting está ligada ao Campo Grande. Na sua origem está o "Campo Grande Football Club", criado em 1904, cuja sede ficava justamente no topo norte do Campo Grande. É deste Clube que em 1906 irá surgir o SCP. Foi nesta zona que em 1912, foi construído o estádio do Lisboa Futebol Clube. Este recinto foi ampliado em 1914, sendo então alugado ao SCP que após grandes melhorias o voltou a inaugurar em 1917. Apesar de ser um dos raros estádios de Lisboa, as condições estavam longe de serem satisfatórias. Em 1937 SCP acaba por abandoná-lo, alugando um outro  um pouco mais a norte (o Stadium de Lisboa) que mais tarde se tornaria o estádio José de Alvalade.

Este foi o primeiro campo e sede do Sporting Clube de Portugal em 1907.

Campo do Sporting Clube de Portugal no Campo Grande. 1939.

 Entrada para o campo do Sporting Club de Portugal e restaurante 
do Campo Grande (actual Churrasqueira). 1937. Eduardo Portugal.

O estádio abandonado pelo SCP em 1937 é alugado pelo SLB em 1940. Este Clube realiza no mesmo importantes melhoramentos. No dia 5 de Outubro de 1941, o Benfica inaugurava o seu magnífico estádio de futebol conhecido por estádio do "Campo Grande".
Em 1946 o SLB constrói neste local uma Pista de Atletismo e um outro campo para a prática de diversas modalidades, para além de um Campo de Basquetebol, um Court de Ténis e um Campo de Tiro. Uma obra gigantesca em terrenos alugados.
Em 1954 mudou-se do Campo Grande para Benfica (Luz) onde construíu um imponente estádio, o maior de Portugal. Só em 1971 é que o SLB abandonou definitivamente o seu parque desportivo no Campo Grande, junto à actual estação do metropolitano.»

In, jornalpraceta.no.sapo.pt

Entrada para o campo de futebol do Sport Lisboa e Benfica, 1965. Artur Goulart. 

Caminho para o campo de futebol do Sport Lisboa e Benfica, depois 
da entrada, com o estádio de Alvalade ao fundo.1969. João Goulart.

 Estrada de Telheiras com as entradas laterais do campo do Sport Lisboa e Benfica. 1969. João Goulart.

Estrada de Telheiras com as entradas laterais do campo do Sport Lisboa e Benfica. 
As árvores à esquerda pertenciam ao olival do CIF. 1969. João Goulart.

Entrada principal do Antigo Campo do Sport Lisboa e Benfica. 1969. João Goulart. 

Inicio da estrada de Telheiras, vendo-se à esquerda A Sanzala, o muro branco 
dava para o Antigo Campo do Sport Lisboa e Benfica. 1969. João Goulart.

 O campo principal de futebol do Clube de Futebol Palmense. 1962. Artur Goulart.

 O campo secundário de futebol do Clube de Futebol Palmense. 1962. Artur Goulart.

Campo principal do Estádio Universitário, visto do Hospital de Santa Maria. Mais tarde, fizeram mais dois campos junto à segunda circular, que o pessoal da Quinta da Calçada, aproveitava para lá jogar (sempre eram relvados). 1961. Artur Goulart.


(Fotos Arquivo Fotográfico da CML)



1 comentário:

  1. Fiquei imecionado em ver este documentário ,foi como estivece a viver a minha infância, eu joguei naquele terreno no meio das árvores, e aquelas árvores eram as balizas, joguei muitas vezes descalço ,a malta jogava ali com uma garra só visto, havia muitos putos com muita habilidade, eu estou a escrever e au mesmo tempo parece que estou lá a jugar belos tempos ,eu morava nas foncecas nas barracas ,não tenho vergonha de o dizer ,e ao pé da esquadra da polícia havia uma escada que dava para a estrada e havia também aí um terreno a onde jogávamos hóquei os setiques eram feitos das couves galegas ,parabéns a quem fez esta reportagem obrigado .

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