Em redor do Bairro da Quinta da Calçada
Era o tempo dos 3 F's (FADO, FUTEBOL E FÁTIMA) e eu nascido no Bairro da Quinta da Calçada, desde pequeno que tinha o futebol por desporto favorito e tinha a sorte de existir uma meia dúzia de estádios em redor, o que fez com que tenha visto futebol a rodos desde a minha infância (vi jogar o grande Eusébio, dezenas de vezes) até adulto, quando deixei de vez de ir a estádios e não me arrependo. A única vez que tive vontade (mas não fui), foi quando o Maradona veio jogar contra o Sporting. Lembro-me de em miúdo ter visto muitos jogos no antigo campo do Sport Lisboa e Benfica, cujas bancadas eram todas em madeira (à inglesa) e que à muitos anos atrás tinha pertencido ao Sporting. Eram terrenos alugados tanto por um clube, como pelo outro.
Era nesta zona de árvores que existia uma clareira, um pouco mais
para a esquerda, onde nós putos jogámos grandes jogatanas. 1976.
Foto francisco grave.
Dizia-se nesses tempos (décadas de 10 a 40), que os clubes e os jogadores andavam com a baliza às costas, porque andavam sempre a mudar de um lado para outro. Esse campo de bancadas em madeira ficava onde hoje é a estação do metro. Recordo-me de assistir nos anos 60, à estreia do irmão do Eusébio pelas reservas do Benfica (não jogava grande coisa). Havia ainda um outro campo de futebol por perto, construído nos anos 50; o do CIF (Clube Internacional de Futebol), que durou até 1970/71. Havia também o campo do Palmense e o do estádio universitário, que servia também para o râguebi. Anos mais tarde, o CDUL construiu dois campos de futebol, junto à segunda circular que o pessoal da Quinta da Calçada aproveitava para fazer uns "treinos". Estes eram os campos de segunda "classe", os de primeira eram o do Sporting, Estádio de Alvalade e acima de todos, o Estádio da Luz, casa do Glorioso. Era, o tempo em que bastava ir a um estádio e pedir; "Ó Senhor, deixe-me entrar consigo" e era fácil entrar pela mão de um adulto. Vi muitos jogos dessa maneira e ainda havia o "campo da bola" da Quinta da Calçada, onde em miúdos, jogávamos logo que saiamos da escola, enquanto os nossos pais não vinham do trabalho e passávamos tardes inteiras a jogar à bola ao fim de semana. Só poupávamos este "estádio", durante o inverno.
Em primeiro plano os campos de futebol do Benfica (na altura). Ao fundo o estádio
de Alvalade ainda em construção nos inícios dos anos 50. Foto do jornal da praceta.
Estádios do Campo Grande
«O Campo Grande foi desde finais do século XIX, o principal local da cidade de Lisboa onde se realizavam importantes competições desportivas de automóveis, atletismo, ciclismo, motociclismo, hipismo, tiro, futebol e até provas de aviação.
Entre 1906-1917, o clube dos "leões" fixou-se no sítio das Mouras (Alameda). O local era propriedade do Visconde de Alvalade. De 1917 a 1937, o Sporting alojou-se no Campo Grande com contrato de arrendamento. Em 1937, o Sporting passa então para o Stadium de Lisboa, onde permaneceu até 1947.
Corrida de automóveis no Campo Grande, organizada
pela Fiat nos inícios do século XX. Joshua Benoliel.
A história do Sporting está ligada ao Campo Grande. Na sua origem está o "Campo Grande Football Club", criado em 1904, cuja sede ficava justamente no topo norte do Campo Grande. É deste Clube que em 1906 irá surgir o SCP. Foi nesta zona que em 1912, foi construído o estádio do Lisboa Futebol Clube. Este recinto foi ampliado em 1914, sendo então alugado ao SCP que após grandes melhorias o voltou a inaugurar em 1917. Apesar de ser um dos raros estádios de Lisboa, as condições estavam longe de serem satisfatórias. Em 1937 SCP acaba por abandoná-lo, alugando um outro um pouco mais a norte (o Stadium de Lisboa) que mais tarde se tornaria o estádio José de Alvalade.
Este foi o primeiro campo e sede do Sporting Clube de Portugal em 1907.
Campo do Sporting Clube de Portugal no Campo Grande. 1939.
Entrada para o campo do Sporting Club de Portugal e restaurante
do Campo Grande (actual Churrasqueira). 1937. Eduardo Portugal.
O estádio abandonado pelo SCP em 1937 é alugado pelo SLB em 1940. Este Clube realiza no mesmo importantes melhoramentos. No dia 5 de Outubro de 1941, o Benfica inaugurava o seu magnífico estádio de futebol conhecido por estádio do "Campo Grande".
Em 1946 o SLB constrói neste local uma Pista de Atletismo e um outro campo para a prática de diversas modalidades, para além de um Campo de Basquetebol, um Court de Ténis e um Campo de Tiro. Uma obra gigantesca em terrenos alugados.
Em 1954 mudou-se do Campo Grande para Benfica (Luz) onde construíu um imponente estádio, o maior de Portugal. Só em 1971 é que o SLB abandonou definitivamente o seu parque desportivo no Campo Grande, junto à actual estação do metropolitano.»
In, jornalpraceta.no.sapo.pt
Entrada para o campo de futebol do Sport Lisboa e Benfica, 1965. Artur Goulart.
Caminho para o campo de futebol do Sport Lisboa e Benfica, depois
da entrada, com o estádio de Alvalade ao fundo.1969. João Goulart.
Estrada de Telheiras com as entradas laterais do campo do Sport Lisboa e Benfica. 1969. João Goulart.
Estrada de Telheiras com as entradas laterais do campo do Sport Lisboa e Benfica.
As árvores à esquerda pertenciam ao olival do CIF. 1969. João Goulart.
Entrada principal do Antigo Campo do Sport Lisboa e Benfica. 1969. João Goulart.
Inicio da estrada de Telheiras, vendo-se à esquerda A Sanzala, o muro branco
dava para o Antigo Campo do Sport Lisboa e Benfica. 1969. João Goulart.
O campo principal de futebol do Clube de Futebol Palmense. 1962. Artur Goulart.
O campo principal de futebol do Clube de Futebol Palmense. 1962. Artur Goulart.
O campo secundário de futebol do Clube de Futebol Palmense. 1962. Artur Goulart.
Campo principal do Estádio Universitário, visto do Hospital de Santa Maria. Mais tarde, fizeram mais dois campos junto à segunda circular, que o pessoal da Quinta da Calçada, aproveitava para lá jogar (sempre eram relvados). 1961. Artur Goulart.
(Fotos Arquivo Fotográfico da CML)
Fiquei imecionado em ver este documentário ,foi como estivece a viver a minha infância, eu joguei naquele terreno no meio das árvores, e aquelas árvores eram as balizas, joguei muitas vezes descalço ,a malta jogava ali com uma garra só visto, havia muitos putos com muita habilidade, eu estou a escrever e au mesmo tempo parece que estou lá a jugar belos tempos ,eu morava nas foncecas nas barracas ,não tenho vergonha de o dizer ,e ao pé da esquadra da polícia havia uma escada que dava para a estrada e havia também aí um terreno a onde jogávamos hóquei os setiques eram feitos das couves galegas ,parabéns a quem fez esta reportagem obrigado .
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