O nome era Ferraria Franco-Portuguesa e ficava no Campo Grande, mas era mais conhecida como Serralharia Franco ou O Franco. Acreditem ou não trabalhei lá com cerca de 11/12 anos, durante um ano e meio mais coisa menos coisa, e antes disso já tinha trabalhado numa farmácia, uns meses quando saí da escola aos dez anos, e de onde fui despedido por comer as pastilhas Rennie e numa fábrica no Bairro de Alvalade (também uns meses) que fazia, que eu me lembre, entre outras coisas, os botões (vermelhos para o autocarro parar) de plástico para os autocarros de dois pisos da Carris e isto sem contar o tempo entre os 8 e os 10 anos que apanhava bola de ténis no CIF, nas horas em que não havia escola.
Na foto (dos anos 60) está o meu cunhado Carlos (ainda novo mas já casado com a minha irmã Emília , nos seus tempos de soldador na Ferraria Franco (há data soldador era um trabalho especializado) e um anuncio da Ferraria Franco encontrado numa revista da CML, não sei de que data, mas talvez dos anos 40 ou 50. (foto de Emília Grave)
Aquilo que me dava mais gozo fazer, era duas ou três vezes por ano ir á rua de São Nicolau na Baixa, a uma Farmácia, buscar os remédios para a serralharia (álcool, algodão, iodo, ligaduras, etc), ás vezes levava mais de meio dia a fazer isso e depois tinha que aturar o encarregado, já que ia a pé uma parte do caminho, o que me permitia poupar dinheiro que eles davam para o eléctrico ou autocarro e comprar umas revistas (Mundo de Aventuras, O Condor, o Falcão e outras) e ver os cartazes dos filmes dos vários cinemas da baixa, e olhar para tudo e mais alguma coisa porque para mim a Baixa era outro mundo. Aos sábados trabalhávamos até ás 13h e era dia de limpeza da oficina e quem a fazia eramos nós, os aprendizes, e tínhamos que nos despachar senão ficávamos lá depois da hora. Já não me recordo de como saí de lá, se fui despedido ou não porque (isso naquela altura era o pão nosso de cada dia), estávamos sempre a saltar de um trabalho para outro. Só sei é que aos 13 anos já trabalhava na Rua da Prata numa loja de tecidos, mas isso agora não interessa nada.
Pelo lado esquerdo desta taberna ou casa de pasto, ia-se para O Franco e pela direita para
o Pátio do Galego (creio que se chamava assim). Esta casa ainda existe actualmente. 1961.
Na foto da esquerda, vê-se ainda parte da antiga Serralharia Franco, zona da Quinagem.
Na outra foto, a entrada para a Serralharia Franco com o Chafariz em primeiro plano. 2011.